quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Havia uma mentira estampada na minha cara...


Havia uma mentira estampada na minha cara...
Mas ninguém percebeu que era o meu sorriso

Que ninguém se iluda comigo
Que não se engane com os meus sorrisos
Porque os meus sorrisos são máscaras
Máscaras que se colam ao meu rosto
Que me sufocam
E esse que vos sorri não sou eu
Eu sorrio mesmo quando choro
Fingir um sorriso é uma arte
Que com o tempo aprendi a dominar
Mas não se enganem
Não é sorriso

O meu sorriso é máscara de segurança
Sinal de tranquilidade
Eu sorrindo finjo controlar o mundo
Como se fosse Jesus caminhando sobre as águas
Mas não, não se enganem
Eu sou menino perdido
O meu sorriso é aparência
Que se cola ao meu rosto
Mas é apenas máscara superficial
Que esconde medos e agonias
Por baixo do meu sorriso
Há o cinzento da tarde de inverno

O meu sorriso esconde medos
Fragilidades
Loucuras
É uma máscara que não tiro
Que carrego dentro e fora de cena
Mas não acreditem nele, por favor
Oculto-me, fecho-me no escuro
No escuro do meu sorriso
Porque não quero que me encontrem
E para isso crio o sorriso
O sorriso distante e frio
Que evita que me vejam
Que me oculta da verdade
De quem sabe da mentira da minha máscara

Mas Tu que sabes as lágrimas
Que o meu sorriso oculta
Tu que com o teu olhar
Me despes do sorriso
Da máscara com que me cubro
Tu, Tu és a minha salvação
É a tua verdade que me arranca a máscara
É no Teu olhar que me vejo
Tal qual eu sou
Perdido e sem máscara
Mas é em Ti que me encontro
Nos Teus olhos Tu libertas-me de mim
Nos Teus olhos eu vejo-me, nu
Sem máscaras
Despido da minha mentira
Da mentira do meu sorriso

Destes muros que me prendem
Desta cadeia que é feita por mim
Construida pedra a pedra
Pela mentira do meu sorriso
Mas sinto-me indefeso perante Ti
Porque contigo a minha máscara cai
E tenho medo do Teu olhar
Do Teu olhar que me tira a máscara
Investigo esse Teu olhar

Tenho medo que sem esta máscara
Eu não seja o que procuras
Eu seja um outro eu que desconheço
E que caindo a máscara
Tu vejas que eu
Não sou aquele eu que vês em mim
Aquele eu que Tu amas
Então eu continuo a sorrir
Treinando a máscara que me cala
Num jogo de sorrisos que me assusta
Mostrando-te um homem forte
Quando por dentro
Eu sou o menino assustado que chora
Que pede carinho
Que treme de frio no gelo do meu sorriso

Desfilo sorrisos, todos máscaras
Máscaras vazias, sorrisos colados
A minha vida é um sorriso sem sorrir
Cai a máscara e mostro-me como sou
Menino frágil
Trémulo
Que caminha para Ti
Abafo na garganta o que me dói
E falo de coisas superficiais
Porque não sorrio
Ou sorrio
Mas não sorrio no Teu olhar
Mas sei que não Te deixas enganar por mim
Que sabes o que não digo
Por trás do sorriso
Que sorri para Ti
E que não sorri

Nesse olhar que me tira a máscara
Por favor esquece o meu sorriso
Não ouças o que digo
Ouve o que não digo, por favor
Sorri quando eu chorar
Quando eu sorrir
Podes chorar
Detesto a minha covardia
Que me faz sorrir
Num sorriso que não sorri

Detesto a máscara que se cola
À minha face cansada
De tanto me mascarar
Quero ver no Teu olhar
A força para eu deixar de me mascarar
Quero que me obrigues a tirar a máscara
Que pegues na minha mão
E me ajudes a caminhar
Mesmo quando te parecer
Que eu não quero
Obriga-me a aceitar

Cada vez que Teu olhar me desnuda
A minha máscara cai
O meu coração liberta-se e voa
Vôos pequenos, titubeantes, mas voa
Ainda assim
Com teu olhar onde brilha amor
Afeto e ternura
Eu solto-me
Deixo que a máscara caia
E o meu sorriso sem sonho
Fica de repente genuíno
Alegre, verdadeiro

Eu não sou tarefa fácil
Carregando tanta mascara
Tantas que nem eu conheço
Perdido num mundo
Que aprendi a mascarar

As máscaras que me amordaçam
São muito antigas
Confundem-se com o tom da minha pele
Mas o Teu olhar de amor
Descola-as, elas caem
E está no Teu amor
A esperança da minha liberdade

Por favor, ajuda-me a tirar a máscara
A sorrir sem chorar
A ser o eu que sou
Ajuda-me com firmeza
Mas também com delicadeza
Porque eu sou menino
Frágil
Perdido
Procurando o abrigo do Teu coração